Há uma
semana para a abertura oficial da nova sede da ENIT (Agenzia Nazionale
del Turismo) em São Paulo, Salvatore Constanzo, diretor da ENIT para a América Latina, fala com exclusividade à repórter Priscila Pariz do DIÁRIO. Nesta
entrevista ele aborda a importância do Brasil para o mercado do turismo
italiano e o foco dado ao nosso mercado, sobre uma política de turismo
mais agressiva, além da ideia de transformar a nova sede em um ponto de
encontro para o trade e para o consumidor final, começando pelo workshop
“Itália para todos” que será realizado no próximo dia 19, e reunirá 35
operadores comerciais italianos. É a primeira vez que um número tão
grande de operadores vem ao Brasil para um evento dessa espécie.
Além disso, o diretor dá dicas para aqueles que desejam conhecer a Itália, mas querem sair do óbvio. “Essa é a maravilha da Itália, em 10 dias você pode visitar 20 países diferentes”, diz Salvatore Constanzo.
“...o
fluxo de turistas brasileiros no ano passado na Itália foi de 700 mil
pessoas. Eu prevejo que neste ano haja um incremento de 20 por cento em
relação a 2011, e crescerá muito mais para o próximo ano.” |
Diário: O novo escritório será aberto oficialmente no próximo dia 18, mas vocês estão operando desde quando no novo endereço?
Salvatore Constanzo: A
ENIT está operando no Brasil a dez anos através de uma convenção que
foi feita com a Câmara do Comércio Brasileira a fim de fazer um
monitoramento do mercado nacional. A ENIT deseja investir muito na
América latina, começando por abrir um escritório em São Paulo para
dirigir toda a América latina, temos também um escritório em Buenos
Aires, que tem quase 40 anos, mas o mercado mais importante para a ENIT e
para a Itália em geral é o Brasil. Estamos investindo muito abrindo
esse escritório, pois a convenção com a Câmara do Comércio terminou, e
para este ano se pensou em fazer uma política muito agressiva na América
Latina, e em particular no Brasil, que começou no ano passado com a
ação chamada” Itália comes to you”, fazendo em 27 dias 13 cidades
diferentes, como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, quando ocorreu
uma exposição de 10 artistas brasileiros que foram à Itália para
conhecer o país e ter um estímulo para produzir uma obra que se chama A
Itália, artistas importantes como Ziraldo fizeram 10 obras que serão
mostradas na inauguração do dia 18.
Diário: Por quê focar no Brasil?
Salvatore Constanzo: Porque
é importante o mercado brasileiro? Porque está crescendo o fluxo de
turistas brasileiros na Itália, que é um país muito próximo do Brasil no
modo de viver em geral, e depois também porque está aqui uma forte
presença de gente com origens italianas. Além disso, a classe C que vem
crescendo economicamente, vê a Itália como um lugar onde ir, onde
visitar, e neste momento de crise que a Europa vem passando no geral,
pode ser economicamente conveniente, porque o custo de vida na Itália é
estável é constante, e no Brasil o custo de vida vem crescendo muito, a
diferença entre o custo daqui e o custo de vida na Europa, e sobretudo
na Itália, faz com que a viagem torne-se conveniente. Hoje fazer uma
viagem de esqui em Bariloche, por exemplo, sai mais caro que fazer uma
viagem à parte norte da Itália onde estão concentrados os Alpes e as
estações de esqui. O workshop do dia 19 contará também com a presença de
Cortina, uma cidade muito importante para o esqui, mais cara para a
Itália, mas conveniente para os brasileiros, não só na parte econômica,
mas chegando a Cortina você pode visitar outras cidades, toda a parte
norte da Itália. Já Bariloche é Bariloche, está concentrada no esqui,
não há outras atrações próximas para se visitar, diferentemente de
Cortina que é muito interessante, pois você pode mudar rapidamente de
uma estação a outra. A Itália em si oferece uma variedade muito grande
de lugares para se visitar, é como eu digo sempre: “visitar a Itália é
visitar 20 países diferentes”. A Itália tem 20 regiões cada uma com
características diferentes das outras, e isso é muito importante, pois
há diferença de gastronomia, cultura, arte, cada uma com uma
característica própria. E também é importante dizer que o idioma pode
ser diferente dependendo da região, aqui no Brasil o idioma é único, mas
lá fala-se muitos dialetos que são diferentes em cada região, e isso
pode ser complicado pra entender quando fala-se em dialeto.
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Nova sede da ENIT no Jardim América: charmosa e aconchegante |
Diário: Quais as novidades que a ENIT preparou para a inauguração do novo escritório?
Salvatore Constanzo: A
inauguração desse escritório é muito importante, porque pretendemos que
ele seja um ponto de encontro de agentes e operadores brasileiros com
operadores comerciais da Itália, será um ponto de comercialização e um
local para se conhecer a Itália em todos os seus aspectos. No dia 18
estarão presentes autoridades italianas, 60 operadores de turismo de 20
cidades diferentes do Brasil, além de 35 operadores comerciais
italianos. Nosso objetivo é conseguir 60 operadores com os da Itália e
cerca de 300 agências de São Paulo e de regiões próximas. O diferencial
desse workshop está no encontro entre os operadores que acontecerá em um
momento diferente do encontro com as agências; o que eu acho que é
muito importante, pois as agências são clientes das operadoras de
turismo, e fazê-las encontrar num mesmo momento não é bom, porque os
operadores podem não ver como algo sério, por isso iremos realizar de
manhã o encontro direto entre os operadores brasileiros e italianos até a
uma da tarde. E a tarde o encontro das agências com os mais de 30
operadores da Itália.
Essa é a primeira vez que tantos
operadores participam de um evento fora do continente europeu, pois para
eles é muito caro vir até aqui, não é a mesma coisa que ir a feiras na
Europa. Os workshops na Europa costumam ter em media 35 operadoras da
Itália participando, em geral no Brasil a participação italiana está em
15, 20 operadores. Para esse workshop chegam 35 operadores para realizar
negócios no Brasil, espero que haja uma grande participação de
operadoras brasileiras no evento que queiram encontrar nossos
operadores.
Diário: Qual a expectativa em número de agentes? Pois serão 60 operadoras de turismo brasileiras no evento.
Salvatore Constanzo: São
60 operadores de turismo brasileiros e esperamos receber 300 agências
no período da tarde. Além dos encontros, o workshop terá também quatro
seminários para promover os segmentos de turismo da Itália, começando
pelo turismo acessível que é um programa que a Itália está investindo
muito, como também está investindo o Brasil. O nome Itália para todos é
para isso, por que é para todos, é um segmento onde a Itália quer
investir muito, e tem a colaboração do Brasil. Houve um seminário junto
com a administração de São Paulo que foi um sucesso, o secretário do
turismo e a secretaria de acessibilidade de São Paulo juntamente com o
ministério do turismo da Itália.
Diário: O senhor comentou
sobre o crescimento do número de brasileiros na Itália, que sempre foi
um dos principais destinos dos brasileiros em viagens internacionais. O
senhor acredita que essa demanda continuará crescendo nos próximos anos?
Salvatore Constanzo: Crescerá
muito mais, porque o fluxo de turistas brasileiros no ano passado na
Itália foi de 700 mil pessoas. Eu prevejo que neste ano haja um
incremento de 20 por cento em relação a 2011, e crescerá muito mais para
o próximo ano.
Diário: O turismo cultural é o
carro chefe da Itália devido a grande variedade de atrações como
monumentos históricos, sítios arqueológicos e arte. Cidades como Veneza,
Firenze e Roma são a primeira opção para quem visita a Itália pela
primeira vez, quais as dicas que o senhor dá para aqueles que visitam o
país pela segunda ou terceira vez?
Salvatore Constanzo: Sair
do senso comum e se aventurar por outros destinos. Toda a Itália
apresenta uma cultura diferente. Ir á Sicília, por exemplo, é ver todas
as invasões históricas que ocorreram por lá, pelos romanos, gregos,
espanhóis. Lá se encontra uma população diferente o que é muito
interessante. Qual pode ser uma proposta diferente, visitar uma Itália
de cidades pequenas, mas muito atrativas, saindo do eixo Milão, Veneza,
Firenze e Roma, eles devem preferir conhecer outros lugares, sobretudo a
parte sul da Itália, destinos como Campagna, Costa Amalfitana, Sardenha
e a própria Sicilia estão crescendo muito no turismo, e possuem uma
grande variedade de lugares para os brasileiros que apreciam arte
conhecerem.
Diário: Além do turismo cultural e religioso quais outros segmentos se destacam no turismo italiano?
Salvatore Constanzo: Um
segmento que vem crescendo muito na Itália é o turismo de eventos,
principalmente casamentos. O turista vai para a Itália para casar, pois
há uma oferta de casas antigas que tem uma ambientação muito bonita para
realizar as cerimônias, e hoje ir à Itália para fazer um casamento é
mais barato do que fazer um casamento de alto nível aqui, sempre
comparando um nível mais elevado. A Itália é um destino muito procurado
não só pelo brasileiro, mas também pelos americanos para esse tipo de
cerimônia.
Outro segmento que vem crescendo
muito é o shopping, o turismo de compras, porque na Itália você pode
comprar roupas de qualidade ou de grandes grifes com um imposto menor
que no Brasil, e o turista brasileiro é muito adepto das compras e a
Itália é perfeita para isso.
"Uma
proposta diferente, visitar uma Itália de cidades pequenas, mas muito
atrativas, saindo do eixo Milão, Veneza, Firenze e Roma, eles devem
preferir conhecer outros lugares, sobretudo a parte sul da Itália,
destinos como Campagna, Costa Amalfitana, Sardenha e a própria Sicilia
estão crescendo muito no turismo" |
A gastronomia também é um
segmento sempre em crescimento, e o brasileiro é um povo que ama a boa
comida, uma porque aqui estão muitos restaurantes que oferece nossa
gastronomia. O brasileiro quer ir à Itália para provar que a comida é a
mesma servida aqui, mas não é, pois na Itália a matéria prima usada lá é
diferente da matéria prima encontrada aqui no Brasil para fazer o mesmo
prato. É importante ir à Itália também para provar a gastronomia.
Diário: A Itália também tem
muita tradição nos esportes como o futebol, por exemplo, com alguns dos
melhores times do mundo, como é o caso da cidade de Milão com a
Internazionale e o Milan. Como a Itália aproveita esse recurso para o
turismo? Há programas específicos que visam promover esse segmento?
Salvatore Constanzo: Estamos
fazendo agora na Itália o encontro com o jogador de futebol, pensando
também na origem desse jogador. Lá é muito forte a presença do jogador
brasileiro e também do argentino, é importante fazer uma pesquisa para
ver como o jogador brasileiro vê a Itália hoje e fazer uma promoção onde
o turista brasileiro pode visitar um estádio, assistir uma partida de
futebol, pode ser interessante colocar no roteiro de viagem essa opção
para o turista que quer assistir a um jogo na Itália, um programa
específico para os fans do futebol.
No dia
19 pode ser interessante o seminário sobre as fábricas automotivas.
Para um brasileiro que ama automóveis visitar uma dessas fabricas na
Itália como a Ferrari, a Masserati, mostrar a esse turista como são
feitos esses carros, é uma proposta de turismo diferente dirigido a um
público mais específico, que sai do comum.
Diário: Como uma das maiores produtoras de vinho, a Itália possui roteiros específicos para apreciadores da bebida?
Salvatore Constanzo: O
que está muito interessante hoje na Itália é o chamado “caminho do
vinho” que está em diferentes regiões do país, sobretudo no sul, onde se
pode visitar os lugares onde se produz o vinho. Partindo da Sicília o
turista pode ir subindo e fazendo a comparação das produções. Essa
proposta une o vinho e a gastronomia, assim o turista pode conhecer a
diversidade de sabores. Essa é a maravilha da Itália, em 10 dias você
pode visitar 20 países diferentes.
fontre diario de turismo