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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Aéreas valorizam currículo e diploma, diz professor Edson Gaspar


Uma entrevista esclarecedora com o professor da Anhembi Morumbi Edson Luiz Gaspar, coordenador do curso de Aviação Civil, que completou no ano passado 10 anos. “Hoje em dia as empresas aéreas reconhecem o que acontece na aviação. O tipo de formação que é ministrado na universidade está muito além do é aprendido no aeroclube”, disse com exclusividade ao DIÁRIO para a editoria Entrevistas no Terraço. Gaspar garantiu que, na hora de contratar, as companhias dão preferência ao currículo e ao diploma. “Na hora de fazer seleção, no site das empresas aéreas onde há seleção de pilotos, aparece explícito: se não tem formação superior são exigidas 1.500 horas de experiência, mas se tem formação superior são apenas 500 horas”. Estas e outras curiosidades acadêmicas são apresentadas nesta descontraída entrevista concedida ao editor do DT, jornalista Paulo Atzingen. Acompanhem:
Diário - Atualmente a formação teórica dos novos pilotos acompanha a formação prática?
Edson Luiz Gaspar
- A formação do piloto hoje no Brasil é regulada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que estabelece aquilo que tem de ser ministrado para o aluno na formação teórica e também faz a regulação da formação prática. No Brasil nós temos estas duas figuras: a formação teórica e a formação prática que o aluno pode fazer de maneira concomitante ou, como nós sugerimos, fazer primeiramente a formação teórica para depois passar para a formação prática.

Diário – Os jovens estudantes querem ir logo para um aeroclube e começar a pilotar em detrimento de fazer um curso universitário?
Gaspar
- No passado não existia formação teórica, era um piloto ensinando para o outro. Então um piloto ensinava ao outro a parte teórica, ele fazia avaliação no extinto DAC (Departamento de Aviação Civil) e se ele passasse na prova, continuava e assim por diante. Então muitas pessoas sequer chegaram a fazer curso. Muitos pilotos que estão na aviação, principalmente pilotos mais antigos, nem curso fizeram, aprenderam a voar com o seu “padrinho” e assim foi fazendo aula prática de voo até conseguir a habilitação. Hoje em dia as próprias empresas aéreas reconhecem o que acontece na aviação, e o tipo de formação que é ministrado na universidade é muito além do que aquilo que é ministrado no aeroclube. Então por que fazer o curso na universidade se tem o aeroclube que vai dar a formação de piloto? Para a ANAC o aeroclube é uma escola de aviação e a universidade também. Só que na hora que você complementa a formação do aluno, ele passa a ter informações de diferentes áreas. Então na hora de fazer seleção, se você entrar no site das empresas aéreas onde há seleção de pilotos em aberto, eles são explícitos hoje, se não tem formação superior exigem 1.500 horas e se tem formação superior exigem 500 horas de experiência. As empresas aéreas estão valorizando esse conhecimento que o aluno traz e o aluno melhor formado se envolve em menor quantidade de acidentes e isso já foi comprovado, teve um estudo feito na Europa e outro nos Estados Unidos.

Diário - O mercado de oferta de pilotos apresentou uma certa defasagem há um tempo atrás. Como é que anda hoje a oferta e a procura de pilotos de aviação civil?
Gaspar -
A procura por pilotos está muito grande, então tem vagas em todos os segmentos não só para helicópteros mas para avião. Hoje para você comprar uma aeronave assina-se um contrato, fica na lista de espera e em um a dois anos você já está com a aeronave. Para você formar um piloto são três, quatro, cinco anos, depende da formação e experiência do candidato, então existe uma demanda muito grande. Foi feito um estudo que está sendo divulgado no site da Boeing que em 20 anos serão necessários mais 467 mil pilotos no mundo e a formação não está acompanhando esse ritmo. Por que não está acompanhando? No Brasil nós temos principalmente o problema do custo da aula prática de voo que  estão elevados. Existe vaga, existe oferta e estão realmente faltando pilotos no mercado.

Diário – O senhor acredita que quanto maior o número de companhias a competitividade aumenta e, por conseguinte a oferta de oportunidades para os pilotos?
Gaspar -
Sim, eu concordo com você. Hoje a gente vive no Brasil praticamente um duopólio, as duas principais companhias aéreas, TAM e Gol, disputando o mercado. Há um tempo, até em função do início das atividades, vem a Azul e a Avianca também, que são empresas com potencial de atendimento muito grande. Então eu acredito que em mais alguns anos a Azul e a Avianca tendem a crescer bastante, principalmente porque elas não estão entrando em conflito com as maiores. O Brasil tem muitos destinos a serem atingidos com a aviação, principalmente a aviação regional, aviação de pequenos centros. E realmente a aviação precisar cresce. É preciso ter mais companhias aéreas para que possa, não digo democratizar, mas melhorar as condições não só para o passageiro, para o piloto como para própria empresa aérea.

A Anhembi tem hoje cerca de 60% a 70% dos alunos... que estão matriculados em universidades brasileiras... com formação aeronáutica
Diário - Qual o número de profissionais que a Anhembi Morumbi hoje lança no mercado?
Gaspar
- A Anhembi tem hoje cerca de 60%, 70% dos alunos que estão matriculados em universidades brasileiras com formação aeronáutica, então tem um grande volume de universitários. Desse volume, 50% dos alunos fazem a universidade e a aula prática para já se inserirem no mercado atuando como piloto, só com um detalhe: o curso de aviação civil não prepara somente para ser piloto, ele prepara para atuar na aviação. Ele amplia o leque de oportunidades de ofertas do mercado. Tenho vários ex-alunos que entraram na TAM, na Gol, na Avianca, enfim eles entraram para trabalhar no segmento administrativo, foram se capitalizando, fizeram aula prática de vôo, depois como já estavam dentro da empresa, mudaram para o voo. Passaram por uma seleção interna que é diferente e passaram a atuar no voo. Esse público que eu coloco no mercado, 50% já sai com formação fechada para voar, os outros 50% saem voltados para parte administrativa. Desses 50%, 25% conseguem posteriormente ir para o voo e os outros 25% se distribui, alguns acabam ficando na área administrativa e outros acabam mudando de área, enfim isso é em relação ao próprio mercado e as oportunidades que aparecem para os alunos.

Diário - O senhor falou que este ano entraram 510 calouros no curso de aviação civil. No total são quantos alunos?
Gaspar
- No total são 1.400 alunos na universidade.

Diário - Todo ano cresce esse número?
Gaspar
- Todo ano está aumentando. No ano passado estávamos com mais ou menos 1.100 alunos, esse ano já chegamos a 1.400, tivemos sete turmas de formandos no final do ano. Estamos fechando cada vez mais parcerias e aumentando a quantidade de alunos.

Diário - É um curso que tem quanto tempo de existência?
Gaspar -
Começou em 2001, portanto a primeira turma se formou em 2003. O começo foi difícil porque ninguém conhecia o curso, as empresas aéreas mesmo não conheciam. Hoje não. Hoje já existe até uma questão cultural: muitos jovens já saem do ensino médio querendo fazer aviação civil para entrar nas empresas aéreas e muitos estão conseguindo fazer isso.

Diário - Como é feita a formação da grade curricular? As empresas participam?
Gaspar -
Desde que eu assumi a coordenação do curso, eu tenho essa preocupação de ir até o mercado, de conversar com gestores das empresas aéreas para saber o que eles querem daquele profissional que eu estou preparando, porque na realidade eu não posso trabalhar de maneira isolada, eu não posso ficar na universidade descobrindo teorias e fórmulas, sem saber o que o mercado quer. Então, periodicamente, eu procuro as empresas e converso, normalmente procuro o presidente ou vice presidente, ele me dá um panorama daquilo que ele quer, ele chama os diretores, fazemos reuniões, discutimos, mostro a grade curricular e peço sugestão. Então de tempos em tempos eu tenho esse cuidado de ir até as empresas. Estive na Varig, hoje nosso contato maior é com a TAM, Gol, Azul e Avianca. Recentemente tive uma reunião com o vice presidente da TAM, o Ruy Amparo. Semana passada estive com o Adalberto Bogsan, vice-presidente da Gol e ex-aluno de aviação civil da Anhembi Morumbi. Enfim, eu vou ao mercado e pergunto: “minha grande curricular é essa, eu estou ofertando isso, o aluno está saindo com essa formação, interessa? O que vocês acham que eu posso mudar?”. Palavras do Ruy Amparo: “professor Gaspar, é uma honra estar te recebendo aqui, porque é a primeira vez que uma universidade se preocupa em vir conversar com a gente para saber o que a gente precisa.” E isso eu acho que é uma questão muito positiva, o Ruy Amparo é uma pessoa que está no mercado há bastante tempo, é técnico, muito inteligente de uma capacidade incrível e ele ficou contente com esse tipo de postura e disse que hoje é nítida a diferença de formação de quem faz universidade e de quem não faz, porque o processo de formação é diferente, quem faz universidade tem muito mais base, uma bagagem muito grande e isso é coisa que muitas vezes o profissional que faz somente o aeroclube acaba não levando.

fonte : Diario de turismo

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