SILVIO CIOFFI
EDITOR DE "TURISMO"
Nem em 36 horas, como sugere o suplemento "Travel", do "New York Times",
nem em 48 horas, nome do festival de cinema "The Portland 48 Hour Film
Project", realizado de 10 a 12 de agosto.
Veja por onde é bom flanar em Portland até que a fome aperte
Confira alguns locais típicos para comer e beber em Portland
Parque Washington exibe zoo e jardins
No Estado do Oregon, pacata e compacta, com 375,8 km² e 590 mil habitantes, Portland (
www.portlandonline.com ), à beira do rio Willamette, um afluente do Columbia, pode bem ser vivenciada em 72 horas.
Não dá para dizer que a cidade é "única", até porque há uma homônima
importante no Estado do Maine, além de diversas outras nos EUA.
Portland
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A estátua de bronze "Allow Me!", de J.Seward Johnson, na praça Pioneer, em Portland
Chamada indistintamente de "City of Roses" (cidade das rosas;
www.rosefestival.org
), de "Beervana" (paraíso da cerveja) e até de "Soccer City" (cidade do
futebol) e de "Puddletown" (cidade das poças, numa alusão às frequentes
chuvas), "Portland, Oregon", que é como os locais a chamam, elucidando o
Estado, foi fundada em 1845.
Incorporada à União em 1851, prosperou como porto e centro urbano que
vendia suprimentos durante a Corrida do Ouro e exportava grãos.
Nas fachadas de arquitetura passadista, no comércio tradicional do
centro e, também, nos antigos galpões de tijolos avermelhados de Pearl, o
bairro da moda e dos ateliês, dá bem para identificar uma cidade típica
do noroeste dos EUA que, já em meados do século 19, se conectou ao
progresso como sede da Northern Pacific Railway, primeira ferrovia do
país a fazer ligação transcontinental.
E, desde cedo ligada por laços comerciais à Nova Inglaterra, a maior
cidade do Oregon é reconhecida pelas belas pontes (são dez sobre o rio
Willamette) e pelas praças, com destaque para a Pioneer, espaço múltiplo
e frequentemente tomado por manifestações políticas onde fica a estátua
"Allow Me!" (1983), de J. Seward Johnson, bronze realista que mostra um
homem de guarda-chuva atrás, talvez, de um táxi (ou tentando alcançar o
bonde?).
TEM BONDE NA LINHA
Outro traço que distingue a pacata metrópole de ar cosmopolita é a
excelência do transporte público e gratuito. Os bairros centrais, como
Downtown/Chinatown e Pearl, e a região do Historic Waterfront, diante do
rio, são ligados pelo Trimet, moderno trem de superfície, e pelo Max,
um bonde que esquadrinha Portland sobre trilhos.
Já o suplemento novaiorquino "Travel", edição de agosto de 2011, recomenda os passeios ciclísticos (
bridgepedal.com e
portlandbicycletours.com ).
Quem não ousa se equilibrar em duas rodas e tampouco deseja andar só de
bonde ou de trem urbano deve ler o guia "Walk There!" (ed. Metro), que,
por US$ 9,95 (R$ 20), indica 50 caminhadas.
Portland é o que os gringos chamam de "walkable", feita para caminhar, e tem tours específicos para isso (
portlandwalkingtours.com ).
Horizontal, com cem parques em áreas residenciais, foi denominada pelo
guia "Lonely Planet" de "dinâmica, mas relax", e, com exagero, de
"superstar city".
Nos arredores, o imenso parque Washington reúne sítios naturais e
culturais, é sede do zoológico, de um múltiplo jardim japonês e do
célebre parque de rosas de onde saiu tal apelido róseo que,
infelizmente, inspirou até um tour excessivamente turístico, num ônibus
cor-de-rosa, o Big Pink Sightseeing (
www.graylineofportland.com ), que faz 11 paradas e cobra, por um dia, US$ 27 (R$ 55).
Evitando o tal tour pink e sem andar de bicicleta, a Folha bateu perna e
usou bastante os transportes públicos (gratuitos) para sugerir passeios
e locais para comer e beber passíveis de serem desfrutados em três
dias.
E descobriu que Portland, alternando "oysterbars" ancestrais e bistrôs
contemporâneos, está virando uma minimeca da gastronomia nos EUA, tendo
sido chamada pela revista "Time", 2010, de "New food Eden" (ou novo Éden
das comidas).
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Silvio Cioffi/Folhapress |
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Ambiente do 'oyster bar' Dan & Louis, que está em funcionamento desde 1907 |
Mas, como nem tudo são rosas nessa cidade delicada e ainda pouco
conhecida do viajante brasileiro, em outubro o tempo começa a esfriar e,
em novembro, tem início a estação chuvosa, quando o panorama urbano,
seguro e solar no resto do ano, tende a ficar úmido e sombrio, com menos
gente passeando pelos bairros tradicionais e ao longo do rio
Willamette.
É nessa região à beira-rio que Portland, quando não chove, veleja, vai a
"wine-bars" e restaurantes,e faz jogging no Tom McCall Waterfront Park.
Ali, ao norte da ponte Burnside, a Japanese-American Historical Plaza
alude à deportação de nipo-americanos a campos de segregação.
A qualquer tempo, vale visitar essa praça-memorial, cujos marcos têm
cenas calcadas em fotos que Dorothea Lange (1895-1965) fez nos anos mais
que plúmbeos da Segunda Guerra Mundial.
fonte : folha de são paulo